Quando falamos em Direito do Trabalho, muitas vezes o imaginário comum o associa a disputas individuais, processos isolados e litígios pontuais. Essa é a imagem clássica do contencioso trabalhista: a defesa de causas singulares que envolvem histórias pessoais de trabalhadores e empregadores. No entanto, quando estamos diante de empresas de grande porte, que concentram centenas ou até milhares de colaboradores, a realidade é muito mais ampla. Surge então o que chamamos de Trabalhista de Escala.
Esse conceito ultrapassa a ideia de simplesmente lidar com um grande número de processos. Ele significa, na prática, transformar o volume em inteligência jurídica, organizar dados que antes eram apenas números soltos e permitir que o contencioso se torne uma ferramenta de gestão estratégica. A cada decisão tomada em escala, o impacto vai muito além de um processo específico: influencia diretamente a previsibilidade, o planejamento de custos, a reputação e, em última análise, a sustentabilidade do negócio.
No Núcleo Trabalhista de Escala do Lara Martins Advogados, que tenho a honra de liderar como Sócia Gerente, enfrento diariamente os desafios de transformar essa visão em realidade. O nosso papel não é apenas defender empresas em juízo, mas estruturar uma atuação completa, que alia técnica, gestão e inovação. Isso significa padronizar procedimentos sem perder qualidade, utilizar tecnologia para otimizar atividades repetitivas, acompanhar indicadores estratégicos e, principalmente, gerar relatórios capazes de antecipar riscos. Dessa forma, o contencioso deixa de ser um passivo inevitável e passa a ser uma fonte de informação estratégica que contribui para a tomada de decisão empresarial.
Assumir a gestão desse núcleo exigiu de mim muito mais do que conhecimento jurídico. Foi necessário desenvolver competências de liderança, visão de futuro e coragem para enfrentar cenários complexos. Liderar em escala é lidar com múltiplos desafios simultaneamente: equipes numerosas, clientes de grande porte, prazos curtos e impactos financeiros relevantes. Exige criar sinergia entre profissionais, alinhar expectativas e traduzir a complexidade jurídica em informações objetivas e úteis para gestores e conselhos de administração. É encontrar o equilíbrio entre técnica e empatia, lembrando que, por trás de cada processo, existem pessoas, trajetórias de vida e expectativas profissionais, mas sem perder a clareza de que cada decisão impacta a saúde financeira e a reputação da empresa.
O que percebo, ao longo dessa experiência, é que muitas empresas ainda não investem em gestão trabalhista de escala. Lidam com o contencioso de forma reativa, fragmentada, tratando cada processo de maneira isolada, sem análise sistêmica. Esse modelo tradicional gera custos mais altos, dificulta a previsão de riscos e impede que o jurídico seja parte ativa do planejamento estratégico da companhia. É exatamente nesse ponto que nosso escritório se diferencia: oferecemos aos clientes uma estrutura de gestão que organiza o volume, entrega dados confiáveis e permite enxergar o contencioso como instrumento de fortalecimento.
Essa gestão envolve etapas práticas e integradas. Primeiro, estruturamos uma controladoria jurídica forte, que assegura o cumprimento de prazos, organiza fluxos e confere previsibilidade às entregas. Em seguida, aplicamos tecnologia para automatizar tarefas repetitivas, como cálculos, protocolos e acompanhamento processual, liberando os advogados para atividades mais estratégicas. Paralelamente, construímos relatórios customizados, que apontam tendências de risco, volume de litígios por tema, custos envolvidos e potenciais de acordo. Esses dados são fundamentais para que a empresa organize provisões contábeis, planeje orçamentos e tome decisões baseadas em fatos, não em suposições.
Outro aspecto essencial é a integração entre áreas jurídicas e administrativas. Atuamos junto aos departamentos de RH, financeiro e compliance para alinhar informações, reduzir falhas de comunicação e fortalecer a governança interna. Esse diálogo constante evita a repetição de erros, melhora a prevenção de novas demandas e contribui para a redução do passivo.
Liderar o Trabalhista de Escala também significa estar preparada para situações de grande impacto. Já enfrentei, ao lado de minha equipe, dissídios de greve, ações coletivas de grande repercussão e negociações com valores expressivos. Cada um desses desafios exige serenidade, estratégia e a capacidade de articular soluções que sejam viáveis para a empresa e respeitosas para com os trabalhadores. É nesse contexto que a experiência prática se alia à gestão estruturada, permitindo alcançar resultados consistentes mesmo em cenários adversos.
Não menos importante é o aspecto humano. Um núcleo de escala não funciona apenas com organização e tecnologia; ele depende de pessoas. Minha responsabilidade como Sócia Gerente é garantir que a equipe esteja motivada, engajada e consciente do propósito maior do escritório. Valorizo a cooperação, a troca de experiências e a construção de um ambiente de trabalho em que todos se sintam parte de algo maior. Acredito que liderar é inspirar, apoiar o crescimento e dar condições para que cada advogado entregue sempre o seu melhor.
Esse conjunto de práticas traz benefícios claros para os clientes. Empresas que investem em gestão trabalhista de escala conseguem planejar custos de forma precisa, reduzir impactos financeiros e reputacionais e fortalecer sua imagem institucional. Mais do que resolver litígios, tornam-se capazes de prevenir riscos e construir um ambiente de negócios mais estável e confiável.
Quando uma empresa consegue prever seus riscos, planejar custos e tomar decisões com base em dados sólidos, ela não apenas soluciona litígios: ela se fortalece. É isso que o escritório busca entregar, soluções inteligentes que reduzem passivos, preservam a reputação e contribuem para a sustentabilidade dos negócios e para a economia como um todo.
Advogada, Sócia do Lara Martins Advogados, Gestora do Núcleo Trabalhista de Escala. Graduada em Direito pela PUC Goiás. Pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pela Atame. Pós-graduada em Direito e Processo civil pelo Instituto Goiano de Direito. Professora de Direito do Trabalho. Secretária da Comissão Especial de Contencioso de Volume da OAB/GO.


